sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Para Bernardo Pinheiro Ávila Luz de Almeida


Tem gente que vira santa depois de ficar doente ou morrer. Quando as pessoas falam algo a respeito da tal pessoa, somente coisas boas surgem das bocas, mesmo quando os ouvidos sabem que aquelas coisas não são verdadeiras. Ontem estava dentro de um ônibus, relembrando meu amigo que partiu na quarta. Somente coisas boas vieram à minha cabeça e fiquei pensando se eu estava "sofrendo" desse mal de achar que porque a pessoa já não está mais entre nós, ela passou a ser perfeita. Eu não acho que Bernardo tenha sido uma pessoa perfeita, mas comigo ele sempre foi maravilhoso. E isso é a mais pura verdade!

Nunca tive uma simples discussão com o Bernardo, em todos os anos de convivência, quando eu passava mais tempo na casa dele que na minha, vivendo a rotina daquela casa como se fosse a minha. Bada, como era carinhosamente chamado por seus entes queridos, era tempestuoso de vez em quando, mas nunca foi comigo. Me lembro de sempre ser recebido com um sorriso no rosto, um abraço carinhoso e confortável, uma sensação real de estar sendo bem quisto naquele ambiente. Compartilhei com Bada várias conversas na sala de estar, no quarto dele, das meninas, lavamos juntos a varanda de Tia Cleide, passamos horas e horas na cozinha papeando, conversas que agora me parecem uma lembrança de um momento muito bom. Bada sempre foi sinônimo de leveza pra mim, e não digo isso por conta da circunstância de tristeza que impregna a existência de todos nós neste momento.

Ontem eu vi uma tristeza sem fim nos olhos dessas pessoas que eu amo tanto. Vi minha amiga chorar de dor, como eu nunca vi ninguém fazer antes. E eu simplesmente não podia fazer nada. Detesto a sensação de impotência e a partida do Bada deixa a gente com essa droga de pensamento. Porém, ontem eu aprendi muito com uma alma elevada, como é da Tia Cleide, que ao invés de demonstrar revolta ou ficar se questionando, pedia que todos celebrássemos seu filho maravilhoso, que nos deu a honra de sua companhia, de seu sorriso, de sua leveza nesses 25 anos maravilhosos. O meu tempo de convivência com Bada foi realmente maravilhoso e é esse pensamento que vai ficar na minha cabeça ao me lembrar dele, principalmente quando for comer cereal de chocolate com iogurte de morango. Bada, pra mim, vai sempre vir junto de um sorriso bom!

Vá em paz amigo amado, olhe por seus pais e seus irmãos daí, que cuidaremos deles daqui. E pode deixar que um dia a Cé vai entender que o "Bim" dela é muito mais destemido e forte do que qualquer um de nós imaginava. Um beijo!

Thi