quinta-feira, 5 de novembro de 2009

viagem por quando quem se foi quando éramos o que poderíamos ser

se queres de novo meus beijos no escuro eu te asseguro que não há mais paixão
meu corpo é de amigo
isso não me intriga
te empresto prazer
te dou atenção

sua vaidade não faz perceber que tudo que faço é pra meu próprio bem
e esse veneno de estar só e junto é o que nos define
é o que nos seduz

então vem pra me dizer que tudo não passou de ilusão

nesse jogo de amor onde sujo minhas mãos
e o que eu tenho pra dar, só nos resta saber

se quer ir embora, pode cair fora
não diga somente que já está na hora.

*****
Coisamaislindadomundo!
Com a cortesia da beleza das palavras e música de Lu Brina e César Lacerda.

www.myspace.com/luecesar




terça-feira, 29 de setembro de 2009

noites de cabíria

I bet you're wondering how I knew that this would come to an end
he stole your heart from you so you tossed me out to the wind
I keep pretending not to care but the winter scent in her hair

compels my hands to do the things my heart wouldn't dare
I'll keep holding on to you see no use perfecting lives with strangers

if only you, if only now

and in the twilight of this hour when fools are mistaken for men this shadow suits me well
my regrets, I'll face in the end
I'll keep holding on to you see no use perfecting lives with strangers

if only you, if only now
I'll keep holding on to you see no use perfecting love with strangers


if only you, if only now

sábado, 26 de setembro de 2009

eterno



Felipe se senta num banco, no canto oposto da cozinha onde Thiago se encontra. Thiago prepara uma macarronada. Felipe o observa. Tempo. Thiago começa a explicar a idéia que ele julga genial para Felipe e ele dividirem como um projeto. Felipe escuta atentamente. Ao final do longo relato de Thiago, Felipe finalmente se manifesta, quase que dando risadas.

FELIPE

Não tem como.

THIAGO

O quê?

FELIPE

Não tem jeito. É egoísta com o espectador.

THIAGO

Mas é essa a idéia. Não necessariamente ser egoísta...

FELIPE

Mas é egoísta!

THIAGO

...não é necessário que o espectador saiba de tudo, simples!

FELIPE

Eu não gosto, acho que não funciona.

THIAGO

Pois eu adoro justamente por não ter como funcionar inteiramente.

Silênico. Tempo. A macarronada fica pronta. Felipe e Thiago se sentam para comer. Nenhum dos dois fala mais sobre o projeto, mas permanecem pensando.

FELIPE (em pensamento OFF)

Não tem jeito, nunca vamos nos entender plenamente.

THIAGO (em pensamento OFF)

O Felipe é cabeça dura demais, nunca vamos nos entender.

Thiago e Felipe permanecem sentados, comendo, falam de trivialidades, dos dias, dos filmes, dos gostos, do macarrão. Não existe nenhum tipo de união entre eles, seja nas opiniões, nas atitudes, nos gestos e nos sorrisos. Thiago sorri enquanto Felipe para. Felipe sorri depois. E eles se entendem.

FIM.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

olhar

Completando o olhar sob Aquele Querido Mês de Agosto, segue o link para o ensaio de Ilana Feldman, para a Cinética:

http://www.revistacinetica.com.br/mesdeagostoilana.htm

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

cinema novo



O fulano de tal vai ao cinema, compra uma pipoca ou não, senta-se no melhor lugar que ele acha que existe para aproveitar o que está por vir na tela à sua frente, se acomoda, tenta ficar confortável e as luzes se apagam. Supostamente, ali termina o “mundo real” de antes e começa um trato com o cinema: eu esqueço tudo e entro aqui, você me diverte, me faz rir, me dá susto, me faz chorar, pensar ou o que tiver que fazer; eis o combinado desse lado. Do outro, alguém que um dia fez o filme decide o caminho que o fulano de tal deve seguir para sentir aquela obra projetada, seja qual for a escala de comprometimento. Existe o caminho. Aquele Querido Mês de Agosto tem um caminho, o de cada um ali sentado, que irá traçá-lo de modo único e intransponível. E é exatamente por isso que existe aqui um filme que não deve ser discutido, questionado, refletido ou subjugado. Existe uma visão e ali está o filme (e este texto não se prestará a esgotá-lo)

Miguel Gomes filmou nas entranhas de um local, no mais interior dos interiores de Portugal, e lá encontrou cada uma das pessoas que em algum momento da vida fazem um trato com o cinema. No lido com essas pessoas, esses tipos, esses personagens, o diretor e sua equipe encontram o olhar da outra parede da sala e jogam para eles a sensação de serem o filme e sentirem a proximidade com o retratado. É real porque aquilo existe, mas é ficcional, pois é um filme. Está sendo documentado, mas previamente foi roteirizado. O que existe então na tela, realidade ou ficção? Em que momento o interior dos interiores de Portugal vira o interior dos interiores de suas pessoas e serve de inspiração para se criar o interior dos interiores dos personagens? Sinceramente, não interessa.

Não interessa porque pode existir um plano que quer intencionar uma fusão entre as “partes” (“todas as aspas possíveis”, citando Ilana Feldman, num texto impressionantemente feliz no debate pós-filme), pode ser que o processo tenha encontrado um meio de construir uma ficção a partir do que foi capturado do real, que a ficção tenha sido forjada em real ou o real trabalhado para parecer ficção; nada disso importa porque na tela está o que realmente pode ser real numa experiência como essa, a compreensão extrema do público, o tato. Ainda que o fetiche do lado de cá seja ficar instigado em saber se um dos momentos finais do filme retrata atriz ou personagem, a resposta é inútil e desnecessária. Aí está a graça de se ver a obra de Miguel Gomes e sua equipe (parte imprescindível para que o tal caminho seja possível), a de enxergar o que se pode, mas impedir que isso seja descrito.

É como no momento em que o técnico de som afirma que existe sim a possibilidade de que um som que não esteja no ambiente seja ouvido, mas tecnicamente não. Eis o paradoxo de um filme que pode ser classificado inteiramente como novo (e novidade, no cinema, nem existe mais). Fazendo com que o fulano de tal ouça sons que não estão lá, Miguel Gomes é original, novo e pleno. E do seu modo, o cinema é (re)inventado.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

notas




voltar pro francês!
arranjar a nova rotina na nova casa no novo bairro nos novos dias.
trabalhar no filme - meu.
trabalhar no filme - do Gabito.
namorar e ver no que pode dar.
aguardar o retorno do meu melhor amigo.

tantas coisas...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

the windmills of my mind

E vai indo num crescente...

Round
Like a circle in a spiral
Like a wheel within a wheel
Never ending or beginning
On an ever spinning reel
Like a snowball down a mountain
Or a carnival balloon
Like a carousel that’s turning
Running rings around the moon

Like a clock whose hands are sweeping
Past the minutes of its face
And the world is like an apple
Whirling silently in space
Like the circles that you find
In the windmills of your mind !

Like a tunnel that you follow
To a tunnel of its own
Down a hollow to a cavern
Where the sun has never shone,
Like a door that keeps revolving
In a half forgotten dream,
Or the ripples from a pebble
Someone tosses in a stream

Like a clock whose hands are sweeping ....

Keys that jingle in your pocket
Words that jangle in your head
Why did summer go so quickly ?
Was it something that you said ?
Lovers walk along a shore
And leave their footprints in the sand

Is the sound of distant drumming
Just the fingers of your hand ?
Pictures hanging in a hallway
And the fragment of this song
Half remembered names and faces
But to whom do they belong ?

He: when you knew
That it was over
You were suddenly aware
That the autumn leaves were turning
To the color
Of her hair !

She: when you knew
That it was over
In the autumn of goodbyes
For a moment
You could not recall the color
Of his eyes !

Like a circle in a spiral
Like a wheel within a wheel
Never ending or beginning
On an ever spinning reel

As the images unwind
Like the circles
That you find
In the windmills of your mind!

domingo, 9 de agosto de 2009

o filme do impossível



"Você nunca voltará a Moscou."

segunda-feira, 27 de julho de 2009

grãos


Um filme cuja beleza deve ser medida em poros.

sábado, 18 de julho de 2009

o gosto do vento

no ritmo de um reencontro.

*e hoje tem Cat Power em São Paulo. hmmm

**ouvindo Carla Bruni. que passa comigo e com tanta vontade?

*** "é uma emboscada"

quinta-feira, 9 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

tenha cuidado, seu tolo

Eu vou me mudar no final do mês. Minha vida está de pernas para o ar. Mil Contas Para Pagar. Nenhum tempo. Mas hoje, muita felicidade!
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Ontem conseguimos dois fiadores, e é inacreditável como uma coisa tão fria pode trazer tanta alegria e alívio. Poder entrar num meio burocrático imobiliário com segurança me trouxe uns sorrisos, penso eu que loucura isso. Mas é isso, vou mudar, preciso achar ainda um lugar, mas terei...e quem sabe ainda, tempo.
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Hoje fiquei hipnotizado durante 35 minutos no ônibus, num olhar, numa nuca, num cabelo que ventava com o vento, que cheirava, ainda que distante (ainda quero te ver outra vez). Fiquei ainda feliz e estranho com uma proposta melhor de um trabalho loooonge, mais complicado, mas que deverá ser mais recompensador. Pensei em deixar mas não vou deixar coisa nenhuma.
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Aliás, não vou deixar coisa nenhuma, nada. Pegar tudo, norma atual de uma tentativa de vida feita para absorver. Um filme do Léo, um filme do João (será?), um filme do Felipe. E um filme meu. Esse ainda sai.
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E eu ainda tenho outra idéia, mas ela precisa de um ouvido ainda. Já ligo pra alguém pra contar, pra mandar o roteiro, pra ouvir que não presta, pra entender se vale a pena.
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Ouço Sondre e Regina, porque parceria é o futuro!

terça-feira, 30 de junho de 2009

if you would and you could


Tem dias que penso em Nick Drake. Poderia mentir e dizer que não sei a razão. Mas sei sim, muito bem. Penso em Nick Drake porque estou melancólico, numa vontade bendita de ficar num campo vendo o pôr-do-sol, nada mais, só eu e ponto. O campo nem me agrada muito, nem ficar sozinho demais. Mas é a minha imagem da melancolia, dessa boa, que acalenta. E é melhor que minha posição de agora, sempre em vários lugares e em lugar nenhum, em tempo nenhum, com todo mundo e com ninguém. Queria estar com Nick Drake (não, não queria estar morto), num estúdio nos anos 70, ouvindo ele tocando violão, tendo uma idéia, observando de longe, com medo de interromper um fluxo de brilhantismo. Queria estar com Nick Drake enquanto ele compunha Nothern Sky, e pensar nessa mágica louca, em luas, em significado do mar, em uma presença de agora.
Falei com a Maria, ela falou dele, disse que o Thiago falou dele (ando citando muito os dois, só que nunca os vendo). Falemos dele, ouçamos ele e sejamos melancólicos.

Ai.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fábula

Ontem tive uma idéia para um filme, um curta-curtinho. Tinha lido um edital que a Maria me enviou, de um concurso simples de roteiro e pensei que "seria bom criar algo novo". Mas será? Meu "algo velho", o outro projeto, ainda nem é novo e já se tornou velho. E precisa logo voltar a ser algo, rápido, urgente.

De qualquer modo, foi bom sim, eu acho. Pois dá uma alegria ver algo nascer. Eu sou um afobado por natureza, quero tudo pra ontem. Pensei tudo, a maior parte dos planos, o que usar como trilha de sons naturais e trilha de som fantástico (é uma fábula), pensei nos atores, pensei nas - poucas - pessoas com quem eu quero trabalhar, pensei onde fazer, como, quando (depois do "jantar", por honra!) e em que clima. Acho que é uma idéia bem boa, não porque a idéia é boa, mas por me trazer de volta coisas boas.

Só falta escrever. Hmm, sabia que faltava algo.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

so here we go


Maria Elisa me perguntou se eu já havia lido o blog do Sá.

"Não, ainda não!"

Fui ler o blog do Sá. Li todo o blog do Sá e continuarei a ler o blog do Sá. É ótimo o blog do Sá (e caso ainda não tenha ficado claro, eis aqui uma recomendação). Lá eu encontrei um post sobre um filme, uma experiência, um acontecimento, um caso de amor.

Revi. Hoje. E respiro uma brisa boa de renovação, de ânimo, de cinema, de amor, de cor e som, num ciclo.



Grato aos amigos dos blogs e ao Paul Thomas Anderson de Punch-Drunk Love.

domingo, 31 de maio de 2009

ninguém

Maio já está no final e o que somos nós afinal?
Num exercício de auto-conhecimento, ando ficando parado demais, largando coisas pelo caminho (não perdendo, vale dizer). Deixo tudo de lado, pra trás, sem querer muito e sem ligar mais. Tem muita coisa que eu nem quero mais.

Já não nos vemos mais, não mais, pois estamos todos neste mundo longe, londe demais. Fico distante de uns contatos para evitar umas dores. Penso se sou eu incapaz de me causar dor, eu em mim mesmo, somente assim. Não quero dor por hora, nem tristeza, nem choro nem vela. Não quero velar, não quero lamentar, não quero somente ver, acho bom agir.

É hora de se mover pra viver mil vezes mais. Será que tem tanta vida assim para ser vivida aí fora? Diz que tem...

Eu preciso de alguém, sem o qual eu passe mal. Não ando passando mal, ando passando passando, só passando. Acho que preciso correr, ficar sem ar, me cansar para depois descansar e recuperar o fôlego. Perder pra recuperar, parece bom agora. Mover. É isso!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"ama-me menos, mas ama-me por mais tempo..."


Conversava mais cedo com a Raquel sobre o aparente fantasma que anda assombrando os relacionamentos amorosos dos nossos conhecidos, nos últimos tempos (alô, amigo, parece não ser uma boa hora de namorar alguém...). Quem conhece a mim e, principalmente, a Raquel, deve saber que ficarmos a par da crise no amor sentimental não é coisa muito positiva para essa visão de mundo meio cética que compartilhamos. Mas eu, diferente da Raquel, ainda sou positivo, um tanto quanto esperançoso - talvez meio palerma - e decidi me apaixonar esta noite. Revi, pela quarta vez, uma peça musical em três atos que o diretor francês Christophe Honoré encenou à moda de Jacques Demy. Les Chansons D'amour é uma história do amor maior, que de tão grande rompe em canção do peito de seus amantes. É o perfeito resumo da nossa constante necessidade de repetição do erro de amar, da "partida", passando pela "ausência" e chegando ao "regresso", sempre permanecendo num círculo vicioso de um sofrimento velado, de um coração seco e de olhos inchados, mas que pode achar um destino no inesperado (o que leva subitamente pode revelar o novo também assim, súbito). O que acaba valendo a pena - espero - é mesmo o momento em que se morde uma maçã com todos os dentes, entregue, somente pelo sabor do fruto, mesmo que depois venha a perdição.

Hoje, novamente, eu me apaixonei. Por enquanto, somente pelo filme.

terça-feira, 21 de abril de 2009

então beijo.

quando cansei de esperar você vi minha estrela maior renascer, vi minha vida mais colorida, cheia de encanto e de mais prazer.

vi quando o mar se abriu, deixando passar todo o meu sentimento. até na chuva e no vento, vi a luz da poesia.

minha alegria voltou, brilhando no alvorecer, quando deixei de amar e esperar por você.

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Então vamos ouvir Roberta Sá que hoje é dia de voar - literalmente - no aniversário da Simon.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

os vampiros, o final de semana e o sangue do bom som.



O Danico (esse idiota que eu amo, apesar dele me provocar a cada segundo que conversa comigo) me enche o saco toda hora pra ouvir as coisas que ele está ouvindo, sempre "a melhor banda do mundo" e etc. Ele me mostrou algumas coisas muito boas que eu ouvi esse ano e conseguiu me fazer ouvir mais que um disco por vez (oh). Mas ele se superou com Vampire Weekend (ok, tô falando sem nem conhecer muito bem direito - ainda - mas é que, porra). M79 é CARALHO, VOU OUVIR ATÉ MORRER!!!


*nessa noite de puteza com a Globo e o Brasil (seja o país ou o Boninho), quando minha musa não ganhou essa bosta de programa, só isso me deixa feliz.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

you taste of potato chips in the morning (earlier)

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just in case you don't appreciate this song about you. (NOW)

domingo, 5 de abril de 2009

resposta para o Tony

Amigo, acho que saí de cima.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

enterrado numa água nova (tão nova que nem tem cor nem cheiro ainda)

"Ainda é válido, mesmo que tenha acontecido quando eu estava inconsciente. É duplamente válido, porque a mente consciente muitas vezes comete erros e se deixa seduzir pela pessoa errada. Mas lá no fundo do poço, onde não há luz, apenas água de mil anos, um homem não tem motivos para cometer erros. Deus diz faça e você faz. Ame-a, e assim é."

*O Quintal Compartilhado (extraído de "É claro que você sabe do que estou falando", Miranda July)

terça-feira, 31 de março de 2009

a leste do paraíso


Quando eu assisti Vidas Amargas pela primeira vez (e por todas as revisões), eu senti, desde a primeira cena, uma sensação de que algo muito ruim se anunciava. Bastou o James Dean entrar em cena e eu fiquei suspenso, durante todo o filme, com a respiração alterada e a expectativa do pior que deveria chegar. Two Lovers me causou a mesma sensação de suspensão, de uma tragédia que só esperava um espaço para se instalar.
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Na narrativa de pouco menos de duas horas que James Gray envereda, acompanhamos a vida (sim, é um resumo de uma vida) de Leonard, interpretado com um brilhantismo alucinante por Joaquin Phoenix, que disse ser esta sua última atuação (fez bem, nunca mais faria nada superior), um rapaz que depende de remédios para controlar sua depressão, que voltou a viver com os pais após ter sido abandonado pela ex-noiva, que pensa na morte durante todo o tempo de sua quase vida. Os pais de Leonard querem que ele se envolva com Sandra, filha de um possível futuro sócio do pai, no ramo das lavanderias a seco (a vida é tão distante que nada ali se molha, a não ser Leonard, desde a sufocante primeira cena do filme). Leonard não se opõe a vontade dos pais e aceita conhecer Sandra, mostrando sua consideração pela família (tema principal da filmografia de Gray). No meio do caminho, Michelle surge, a vizinha "problemática" de Leonard. No meio do caminho, surge o amor. No meio do amor, surge um triângulo, um losângo, um absurdo geométrico de instabilidade sentimental, de impossível definição e cálculo.
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Não bastasse o filme ser um dos grandes estudos de personagem já feitos, não bastasse a atuação antológica de Joaquin Phoenix, não bastasse as excepcionais interpretações de Isabella Rossellini, Gwyneth Paltrow e Vinessa Shaw, não bastasse todos os planos serem de um deslumbre estético de posicionamento, tempo, perspectiva, não bastasse ser uma aula de cinema, Two Lovers é ainda das histórias mais perfeitas e tristes já relatadas no cinema moderno. E no final disso tudo, a tragédia de "serem felizes para sempre".

sábado, 28 de março de 2009

mensagens subliminares


Sempre critíco filmes com mensagens que são ditas de um modo didático, direto demais, sem sutileza ou refinamento de discurso. Não que tudo na mise en scène deva ser feito de modo subliminar, mas o que é direto demais pode ser rude demais e o resultado ser de menos.
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Na vida as mensagens subliminares não valem de absolutamente nada. E ser direto é algo difícil. No dia que eu aprender...ah, será o dia que eu irei aprender.

segunda-feira, 23 de março de 2009

change is hard


Faz um tempo que eu queria escrever sobre isso mas fiquei enrolando, acho que por pensar que não teria nada demais para falar. E não tenho. Mas não chegar a conclusões não invalida o pensamento, portanto, lá vamos nós. A motivação de finalmente escrever sobre as mudanças nasceu da leitura de dois posts novos - aêee - no blog do Lucas, sobre isso de não entender direito o mundo (não é exatamente isso que ele diz, mas é mais ou menos o ponto em que chegamos). Eu não entendo nada e acho que nunca vou entender. A questão principal é, seria possível acreditar em alguma coisa?
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Volta e meia alguém se choca ao me ouvir dizer que não acredito no amor, para logo em seguida eu sentir no olhar do interlocutor um tom de desconfiança, como se pensasse que meu mundo é uma redundância. E é mesmo. Quando eu digo que não acredito no amor me baseio simplesmente na minha impossibilidade de conhecimento do sentimento em questão, esse dos livros, dos filmes e das canções, que proclamam em muitos ventos um movimento perene. Eu realmente não sei o que é sentir esse amor absoluto, maior que o mundo, maior que tudo, maior até que as várias paixões que me avassalaram em 25 anos de erros. Mas não saber o que é e não acreditar que ele existe (acredito vendo, eu e o Tomé) não me impede de desejar que ele exista. E de buscar por essa existência. Muitos dos meus erros são frutos dessa tentativa - frustrada - de achar esse amor. Acontece que no final das contas eu acabo voltando sempre para a minha afirmação de que amor é projeção. E daí a desconfiança do olhar de todo mundo (parem de me olhar assim!). Mas pensando bem, pode ser que o "amor" não esteja sozinho neste time; pode ser que muito seja pura projeção. Tudo, talvez.
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Volto então para o texto do Lucas. Como saber o que é melhor pra nós, se viver naturalmente tristes ou artificialmente felizes (estou reduzindo a coisa, só pra deixar claro)? Porque eu mesmo acho que todo dia a gente acorda e tenta ser o que não somos. E quando pensamos em desfrutar melhor o dia, fazer algo por nós mesmos, nos mover e todos os clichês possíveis de um pós-noite de pensamentos, estamos, na verdade, indo contra uma maré natural de nós mesmos. Dia sim, dia não, eu penso sobre meu modo de agir, de andar na rua, de olhar pras pessoas, de abordar alguém que me agrada ou que me irrita, que não deveria ligar tanto para o que as pessoas dizem, que deveria pensar mais em mim (oh, e eu às vezes acho que sou pouco egoísta ainda), uma multidão inconstante de pensamentos perigosos que acabam me modificando - ou me mantendo num mesmo lugar. Eu penso, penso, penso, de vez em quando faço alguma coisa, mas no geral não chego a lugar algum. Tento até me mudar, mas volto para o mesmo lugar. Mais ou menos como prega Woody Allen, em Vicky Cristina Barcelona, sobre a arte que nós exercemos de sermos sempre nós mesmos, por mais que o mundo gire e que Barcelona seja bela, voltamos para o mesmo ponto. Será que nós podemos mudar? E que vale à pena tentar mudar?
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Pode até ser que alguém mude. Ou que ninguém mude, além de nós mesmos. Eu penso nisso na minha própria defesa da tese sobre a projeção do amor. Por que raios os casais "eternos" deixam de ser? Se nenhum fato muito drástico motiva o término (uma traição, uma mudança, uma briga por conta do danoninho), o que faz você deixar de "ser" com aquela pessoa, se o amor continua? Ou pior, o que faria o amor terminar? Os erros, os defeitos, tudo de ruim que o outro possa nos presentear estão lá, desde muito tempo, e sempre foram motivo de risadinhas, de carinhos e pretexto para sexo. E agora, por que afinal eu odeio quando você fala assim? Eu te odeio, eu te amo, ou eu não sinto nada por você? Você mudou! Nada mudou. Eu mudei, ou simplesmente acho que sim. De agora em diante, projeto para mim uma vida sem você, uma vida onde você não cabe, pois meu dia só tem 24 horas e já não posso mais dividir elas com você. Mas sempre vou te amar.
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Que estranho isso (não somente o pensamento, meu texto), mas é uma coisa de louco mesmo, portanto não tem como ter ordem. Na vida da gente não existe tal palavra e quando a pretendemos, é porque o caos é tão maior que precisamos de um alívio. Pode ser que o amor exista (eu acredito em algumas filiações dele, como no meu amor por certos amigos e por certos gestos) e pode ser que seja melhor acreditar nisso. E daí ir vivendo essa vida projetada artificialmente num reflexo de nós mesmos, tomando as atitudes que nos leve a ser leveza, se assim for pra ser. Fique com a segunda opção, seja lá qual for a cor da pílula, mas nunca ouça o que eu ou qualquer um te disser, faça o que quiser (digo pra mim mesmo, todo dia). Eu sempre penso que estou dirigindo um filme da minha vida, esse excesso de metalinguagem. E se o controle artificial for possível, que as mudanças aconteçam, apesar de ser duro (I should know). E que Woody Allen esteja equivocado (nunca errado). E que exista redenção (dando razão ao Clint). Então, prometo acreditar em muita coisa, inclusive no amor.

GRAN TORINO



ESCREVO EM CAPS LOCK PORQUE CLINT EASTWOOD NÃO MERECE NADA MENOS QUE ISSO.
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CHOREI!


"Dúvida", ou "como fuder com um argumento no minuto final"


E tem gente que acha que no final tudo pode dar certo. Quem for ver o filme estrelado por Meryl Streep (a mais fraca do elenco, acreditem), Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e a espantosa Viola Davis, saberá que tudo pode vir por terra. E vai mesmo.

quarta-feira, 18 de março de 2009

katherine, kiss me

Ainda no clima do Tonight (eu ando em completo transe com esse disco; ouçam todos), por isso o nome do post ser esse daí (e é a música que eu tô ouvindo). Mas nem se refere ao disco, somente ao desejo. E à mudança do nome. NUMEAGOENTO de vontade mais...

quinta-feira, 12 de março de 2009

estilo


A pergunta mais recorrente que eu ouvi semana passada se referia às minhas motivações com este blog. "Sobre o que ele é?", foi o que me fez querer escrever isso aqui, respondendo: sobre nada! Meu blog é sobre coisa alguma - e de certo modo, sobre todas as coisas (sem pretensão). É como um episódio de Seinfeld (nuh, pretensão minha!), abrangente em sua mais completa falta de assunto. Mas eu não parei mesmo para pensar numa razão de ser do blog ao criá-lo, ele meio que nasceu. Só que essa pergunta me deixou com a pulga atrás da orelha: será que o blog deveria ser sobre algo, ter algum "estilo" próprio, como de tantos outros?
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Pois bem, não teria porquê eu fazer um blog destinado pura e simplesmente à crítica cinematográfica, já que já faço parte do Multiplot!. Isso não me impede de colocar minhas impressões aqui também, até mesmo porque lá faço de modo mais "técnico", digamos, e aqui posso ser mais livre. Pensei que aqui poderia funcionar como um diário de produção do meu filme (A-HA, para quem não acredita em vida após a morte, jantar de sexta... resurge das cinzas para um retorno, espero eu, triunfal) e acho que isso pode vingar, já estamos retomando o trabalho. Mas fora isso, não sei mesmo o que poderia fazer, senão postar o que me der na telha, na hora que quiser. Meio "quero conversar com essa página", meio "quero desabafar", meio "será que alguém vai ler?"...parece um diário esquisito, um ensaio sobre uma cabeça estranha ou, como disse, porra nenhuma.
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Admiro os blogs que tem uma razão de ser, uma identidade. Meu primeiro blog (não meu, mas que eu tomei pra mim) foi o Escrevo, que meu sanar é água. Este blog (na verdade, o endereço antigo, onde se encontravam as postagens de 2006/2007, mas que acidentalmente sucumbiu) foi de grande importância no desenvolvimento da minha sensibilidade. E, principalmente, na compreensão da sensibilidade do outro. A Ucha deságua em palavras vindas da alma elevada de alguém que só sabe amar. Como eu admiro ela, e como as palavras me tocam! Os versos e prosa foram elo de ligação importante entre Brasil e Alemanha, num período de distância difícil, e de fundamental beleza para um retorno ao que se devia. Ainda haverão palavras dela aqui, porque palavra de amigo não se rouba, se toma pra si.
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Nunca conseguiria escrever como a Ucha, pois acho que meu sanar nem é água. E nem como o Assis, do De Sangue, porque meu sangue corre meio estranho pelas veias. Ali, o Assis brutaliza as palavras de modo inequivocadamente indecente, no sentido de indecência de conhecimento de uma intimidade tão íntima, de um amor tão cru, jogado em costas, em folhas e em mortes. Antes mesmo de trabalhar com ele, no filme, já lia as palavras do Assis com espanto de alegria e constrangimento, porque é estranho conhecer sensações de uma pessoa - até então - desconhecida. Parece invasão, consentida.
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E por falar em invasão, que palavra usar para o "caso" Café Amargo? Eu lia o blog sem nem saber quem era, foi por acidente e me interessei pela escrita do autor (adoro quem domina o português de modo impecável, sem que tenha que parecer rebuscado o tempo todo) e pelo tom pessoal naqueles posts desconhecidos. Quer coisa mais divertida que brincar de entender o que você não passa nem perto de ter que entender? Pois bem, eis que o autor que gosta de café demais é amigo de muitos amigos. Sem nem mesmo conhecer o divertido - até agora, pelo blog - Lucas, sinto que sei coisas que nem deveria saber. Depois da "descoberta", o Café Amargo ficou meio sumido (assim como o Lucas é um sumido constante de vários convites), mas vale a pena demais ler este, que dentre todos os blogs mais pessoais que eu já zapeei, é o mais divertido, e coeso, e bem escrito, e abrangente.
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Não consigo escrever com a poética da Ucha, nem com a entrega do Assis, nem com a habilidade e bom humor do Lucas, e nem como o Fábio, no Make it Rain. O Fabão é dos caras mais inteligentes do mundo (tomara que ele não leia esse texto) e sabe escrever sobre qualquer coisa, de qualquer modo, e sempre vai parecer dono de toda a razão de um universo que só saberia dar razão a ele. Eu sempre discordo do Fabão, mas nunca consigo comentar no blog dele, pois eu nunca teria razão - nem palavras. Pelo Fábio, conheci a Mirella, do antigo Ecletiquices e do novo Colóquios Instantâneos (não coloco os links porque a Mirella é dessas que se envergonha de saber escrever, não gosta de publicidade), outra dessas pessoas que me deixam constrangido com as palavras. Queria escrever assim...
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Têm também os blogs de cinema, os que eu sempre dou uma olhadinha, seja para descobrir coisas completamente novas e/ou inusitadas (Anotações de um Cinéfilo, do Filipe Furtado, ou Passarim, do Daniel Caetano), para tentar aprender como ser objetivo em um texto (Cinema de Boca em Boca, do Inácio Araújo) ou aprender a entender a cabeça de um amigo brilhante e sempre do contra (Assim Está Escrito, do Danico, que aliás tá largando o blog de lado por conta da corporação; seu vendido!). E tem o diário aberto de R., o segundo blog mais antigo que eu leio, de um diretor paulistano chamado Rafael Gomes (fez um dos meus curtas favoritos de sempre, Alice), que é sobre cinema, sobre música, sobre viagem, sobre amigos, sobre dor.
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É, de vez em quando eu penso que deveria ser mais organizado, centrado e disciplinado, quem sabe assim até esse blog fizesse mais sentido. Queria saber um tanto de coisa, ser um tanto de coisa e de gente, como a Michelle é, em Corpo Sutil, ou a Maria Elisa, no Retratos (Maria Elisa, esta, que de tanto ser gente, um dia será personagem de filme, ah mas será! veremos muitas coisas de Maria ainda...rs). Ser saudade de longe e expressar de modo sublime, como o João (agora perto), no the GoJoe. Todas essas pessoas modificam de algum modo o meu dia, com suas palavras e estilo de escrever, jeito de existir do texto. Eu não tenho jeito nenhum, meu estilo é ser sem estilo. Tomara que isso modifique alguém (pretensão e prolixidade, ao menos continuo coerente).

quarta-feira, 11 de março de 2009

pode ser até do corpo se entregar mais tarde

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parece simples mas a gente às vezes é.
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E o amor é lindo!
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deixo tudo que quiser, eu não me queixo em ser
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ehhhhhh
acho normal ver o mundo feito faz o mar num grão de areia
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é de se entregar a sorte
todo mundo vai saber e ver que o vai e vem pode ser eterno
pra ver quem manda
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acho que não vai dar, tô cansado demais
vou ver a vida a pé
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ehhhhhh
acho normal tá no mundo feito faz o mar num grão de areia.

terça-feira, 10 de março de 2009

LUTO


Valeu por toda a alegria, tio!

a favor da censura (?) (!)

Acabei de ficar duas horas dentro do cine Humberto Mauro vendo algumas obras do Nelson Pereira do Santos e ouvindo o mesmo falar. Meu tom não é de satisfação. Não pelo Nelson, que é um gênio absoluto do cinema (ok, ele cometeu Brasília 18%, mas foi ele também quem fez coisas magníficas, como Vidas Secas e Rio 40 Graus) e um senhor inteligentíssimo e bastante lúcido. Mas esses debates deveriam ser mais rígidos, digamos assim. Democracia, minha bunda, odeio pergunta imbecil. Sou a favor, sim, de se avaliar as perguntas antes de aprovar as mesmas, para evitar constrangimentos, por parte do convidado e zoação, por parte da platéia, como também ocorreu na palestra do David Lynch (como esquecer a louca do tai chi-chuan?). Ah, nem!

segunda-feira, 9 de março de 2009

calmaria caótica


Nanni Moretti é um ator, roteirista e diretor italiano, que dentre várias belas obras cinematográficas, fez em 2001 um dos filmes mais contundentes sobre o difícil momento da perda de alguém, o devastador O Quarto do Filho. Moretti é também o protagonista e roteirista deste Caos Calmo (um dos melhores nomes de filme que eu já ouvi), mas não esteve no comando do filme, que ficou a cargo de Antonello Grimaldi...ou não. Caos Calmo não só parece um filme feito por Nanni Moretti como é um filme de Nanni Moretti, um filme que ele já fez. Em 2001. E se chamava O Quarto do Filho.
Certos novos nortes são apontados em Caos Calmo e há muito o que interessa na abordagem dessa dor sentida e não expressada, percebida mas não latente, colocada como uma brisa na praça que é locação máxima do filme, escolha do protagonista para ser só ao redor do mundo, na espera da filha. Ele parece não sofrer, ela também não, e então ele parece sofrer por este não-sofrimento. É uma abordagem um tanto diferente, mas com signos e fatores bastante semelhantes ao Quarto: a morte, o fato de não estar presente no momento e sentir uma certa culpa por fazer outra coisa (por mais altruísta que fosse essa coisa), a catarse do momento que o personagem de Moretti deságua, tudo muito extraído de uma obra anterior, de uma obra maior. Se O Quarto do Filho não existisse, Caos Calmo seria um filme muito mais interessante. Infelizmente não consegui me desapegar como deveria.
Mas toca Rufus, isso é bom!

uma opção realista


Dois minutos fora de casa e o mundo se revela. Nossa casa parece uma proteção muito mais significativa que sua condição física, de conforto e tudo mais; parece mesmo o distanciamento do perigo do envolvimento com a dureza do exterior. O mundo lá fora são as próprias pessoas e elas estão mesmo preocupadas com suas órbitas. Eu também.
Odeio ver risadas demais nas ruas, quando sinto junto delas o som alto da voz da hipocrisia. Odeio hipocrisia. Eu sou chato, quero conhecer pessoas chatas - não tanto quanto eu - e saber que elas são mais autênticas que as pessoas excessivamente agradáveis e corretas. Estas pessoas parecem mesmo que não saem de casa, de suas cascas, e quando colocam as cabeças para fora neste mundo de caras fechadas, quando quiserem estar fechadas, e caras abertas, somente quando assim tiver que ser, estas pessoas parecem mesmo serem os juízes e atrozes. E eu que estou errado. Odeio gente que mente pro mundo, simplesmente porque não sabe dizer a verdade para si.
Só quero sair de casa quando o mundo for mais criativo que minha casa. Poderia ser amanhã, quando eu apontar minha cara "de amanhã" (sabe-se lá qual será) na rua e puder ser eu mesmo, sem mascarar uma felicidade impossível, ou uma determinação inexistente, ou uma satisfação irreal. Amanhã quero sair daqui e ter raiva, se eu quiser. E poder ter raiva. E poder falar que eu estou com raiva, por sexta, por sábado, pela ausência, pelo excesso, pelo reflexo, pelo sol, pela hora, pelo espaço. E ninguém me julgar mais chato, por isso. E nem mais feliz, caso nada disso seja o amanhã. Assim seria meu mundo de amanhã, realista.

sábado, 7 de março de 2009

peregrina, Hermanoteu!

Uma noite inusitadamente sensacional (valeu Marina!). E o mais engraçado é que eu e a Simon, vendo isso aqui* (a qualidade é péssima, mas foi a única que eu achei, do momento mais engraçado da peça; atenção para o que acontece a partir de 1 minuto e 30 segundos), diante de um ser humano que estava sentado duas fileiras na nossa frente, éramos dois seres da mais alta classe e educação para risadas. Sim, eu e a Simon!!!
*detalhe para o pézinho do ator genial, remanescente de Joseph Climber!

sexta-feira, 6 de março de 2009

os matadores da cidade de Sam

Adoro descobrir coisas. E algo bom que anda acontecendo é redescobrir certas coisas. Quem me conhece sabe que eu sou um ouvinte compulsivo do "álbum do dia", aquele que eu estou ouvindo no momento e que só sai da minha lista quando eu passo praticamente a odiar, tamanha a exaustão de audições. Portanto, certas coisas aparecem e depois somem, para sempre. Mas existem aquelas que vem, vão e voltam. Voltei a ouvir The Killers e, porra, muito bom! Fazia um tempão que eu não passava nem perto de uma música, nem conhecia os álbuns "novos". Tô descobrindo coisas lindas, boas até dizer "pára - ou para, sei lá o que dizer com essa merda de reforma ortográfica -, isso é bom demais!" mas acima de qualquer coisa estou revisitando os antigos, esse passado recente. Me dá até mais raiva de não ter ido ao show quando eu pude. Não chega a ser um arrependimento porque os outros foram espetaculares (no Tim Festival de 2007, eu e alguns amigos compramos ingressos para dois palcos do primeiro dia: Björk, por conta deles - o que foi ótimo porque eu, apesar de não passar nem perto de ser fã, fiquei em absoluto êxtase - e Divas, onde iriam cantar Feist, ausente por conta de uma crise de labiritinte, e Cat Power, show espetacular. Mas no segundo dia acabamos não indo, o dia do The Killers...fiquei me contorcendo pra ir e acabei desistindo. Burro!) e arrependimento é coisa de fraco, mas dá uma pontinha de tristeza. Resta a esperança de um retorno para que eu possa gritar bem alto que I don’t shine, if you don’t shine!

quinta-feira, 5 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

para Lygia

Houve uma vez um verão. O ano gira em sincronia consigo mesmo, na ordem das estações, para que venha o sol, venha a chuva, brote o fruto, nasçam as flores. O que acontece é que ninguém fica lá fora olhando o sol nascer todo dia, dando graças a cada gota de chuva que cai, ou pedindo que chegue logo a primavera. Um dia ela chega e com ela, a cor. Um dia Ela chegou e com Ela, um mundo. Que coisa, pensar que existia um mundo novo que você não conhecia, eu não conhecia. Existia um novo sorriso, um novo tom de voz - doce que só -, um novo cabelo que brilha e brilha, porque Ela é sol e Ela é chuva. Acima de tudo, existia um novo olhar. O olhar foi pra longe, pra trazer mais de fora pra cá. O olhar retorna, pra enxergar mais e fazer ver através de si. Sou capaz de citar muito lugar-comum para exclamar a exatidão de tanta pureza e sensibilidade. Exalto a plenitude de uma saudade ainda não-findada, de uma necessidade de novidade, de um caminho bom, de vários sóis e "filhos" fortes. Criarei com a Primavera uns campos bons de beleza, reflexo Dela. Somos parceiros, somos amigos e amo ser alguém para Ela.
A Lygia é toda essa poesia simples, nas minhas palavras, mas riquíssima, em seu significado.
Haverá, muitas vezes, muitos verões!


terça-feira, 3 de março de 2009

transparência

Saímos mais cedo, esses divertidos encontros de cerveja e boas risadas. Rolou um jogo da verdade na mesa, com um celular servindo de sinalizador. Num momento de confusão eu deixei de responder uma coisa que, mais que depressa, a Mandinha (amiga querida) resolveu dizer, cantar a bola. Não sei se sou eu que sou meio retardado, se é a Mandinha que é esperta demais, ou se é a tal "transparência". Nem sei o que significaria de fato ser transparente, em casos assim. Eu nem sou, na verdade. Tendo muito a me esquivar, me esconder atrás de certos escudos e deixar as coisas rolarem sem que eu tenha que confrontar demais. Mas de vez em quando eu acho que o que eu penso fica bem claro, mesmo quando eu não deixo necessariamente explícito ou verbalizado. E agora, até mesmo o que eu sinto - ou o que acho que posso vir a sentir.
Eu acho mesmo que eu sou meio retardado. E que a transparência é algo muito obscuro. E que a Mandinha é esperta mesmo. Muito. Um tantão. Várias vezes eles.

A Construção


Blogs. Os leio, por quê não leria? Eu gosto deles, por quê não gostaria? Eu escrevo, por quê não escreveria? Faço um pra mim, só meu (o multiplot! tem mais dedos), todinho meu, ressaltando muito e muito mais toda a minha individualidade. Mas eu, indivíduo, escrevo para um coletivo. Eu trabalho para um coletivo, quero a visão do coletivo e ando aprendendo com esse coletivo. É sempre bom repetir as palavras para que tudo fique muito bem explicadinho: Indivíduo. Coletivo. Meu blog, blog de todo mundo, em plena construção.

Primeira pedra, as palavras da canção que deu nome a este espaço:

The build up lasted for days
Lasted for weeks,
Lasted too long

Our hero withdrew, when there was two
He could not choose one, so there was none

Worn into the vaguely announced

The spinning top made a sound like a train across the valley
Fading, oh so quiet but constant 'til it passed
Over the ridge into the distances
Written on your ticket to remind you where to stop
And when to get off ...

Prometo que vou me lembrando onde parar e quando terei que sair.