segunda-feira, 23 de março de 2009

change is hard


Faz um tempo que eu queria escrever sobre isso mas fiquei enrolando, acho que por pensar que não teria nada demais para falar. E não tenho. Mas não chegar a conclusões não invalida o pensamento, portanto, lá vamos nós. A motivação de finalmente escrever sobre as mudanças nasceu da leitura de dois posts novos - aêee - no blog do Lucas, sobre isso de não entender direito o mundo (não é exatamente isso que ele diz, mas é mais ou menos o ponto em que chegamos). Eu não entendo nada e acho que nunca vou entender. A questão principal é, seria possível acreditar em alguma coisa?
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Volta e meia alguém se choca ao me ouvir dizer que não acredito no amor, para logo em seguida eu sentir no olhar do interlocutor um tom de desconfiança, como se pensasse que meu mundo é uma redundância. E é mesmo. Quando eu digo que não acredito no amor me baseio simplesmente na minha impossibilidade de conhecimento do sentimento em questão, esse dos livros, dos filmes e das canções, que proclamam em muitos ventos um movimento perene. Eu realmente não sei o que é sentir esse amor absoluto, maior que o mundo, maior que tudo, maior até que as várias paixões que me avassalaram em 25 anos de erros. Mas não saber o que é e não acreditar que ele existe (acredito vendo, eu e o Tomé) não me impede de desejar que ele exista. E de buscar por essa existência. Muitos dos meus erros são frutos dessa tentativa - frustrada - de achar esse amor. Acontece que no final das contas eu acabo voltando sempre para a minha afirmação de que amor é projeção. E daí a desconfiança do olhar de todo mundo (parem de me olhar assim!). Mas pensando bem, pode ser que o "amor" não esteja sozinho neste time; pode ser que muito seja pura projeção. Tudo, talvez.
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Volto então para o texto do Lucas. Como saber o que é melhor pra nós, se viver naturalmente tristes ou artificialmente felizes (estou reduzindo a coisa, só pra deixar claro)? Porque eu mesmo acho que todo dia a gente acorda e tenta ser o que não somos. E quando pensamos em desfrutar melhor o dia, fazer algo por nós mesmos, nos mover e todos os clichês possíveis de um pós-noite de pensamentos, estamos, na verdade, indo contra uma maré natural de nós mesmos. Dia sim, dia não, eu penso sobre meu modo de agir, de andar na rua, de olhar pras pessoas, de abordar alguém que me agrada ou que me irrita, que não deveria ligar tanto para o que as pessoas dizem, que deveria pensar mais em mim (oh, e eu às vezes acho que sou pouco egoísta ainda), uma multidão inconstante de pensamentos perigosos que acabam me modificando - ou me mantendo num mesmo lugar. Eu penso, penso, penso, de vez em quando faço alguma coisa, mas no geral não chego a lugar algum. Tento até me mudar, mas volto para o mesmo lugar. Mais ou menos como prega Woody Allen, em Vicky Cristina Barcelona, sobre a arte que nós exercemos de sermos sempre nós mesmos, por mais que o mundo gire e que Barcelona seja bela, voltamos para o mesmo ponto. Será que nós podemos mudar? E que vale à pena tentar mudar?
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Pode até ser que alguém mude. Ou que ninguém mude, além de nós mesmos. Eu penso nisso na minha própria defesa da tese sobre a projeção do amor. Por que raios os casais "eternos" deixam de ser? Se nenhum fato muito drástico motiva o término (uma traição, uma mudança, uma briga por conta do danoninho), o que faz você deixar de "ser" com aquela pessoa, se o amor continua? Ou pior, o que faria o amor terminar? Os erros, os defeitos, tudo de ruim que o outro possa nos presentear estão lá, desde muito tempo, e sempre foram motivo de risadinhas, de carinhos e pretexto para sexo. E agora, por que afinal eu odeio quando você fala assim? Eu te odeio, eu te amo, ou eu não sinto nada por você? Você mudou! Nada mudou. Eu mudei, ou simplesmente acho que sim. De agora em diante, projeto para mim uma vida sem você, uma vida onde você não cabe, pois meu dia só tem 24 horas e já não posso mais dividir elas com você. Mas sempre vou te amar.
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Que estranho isso (não somente o pensamento, meu texto), mas é uma coisa de louco mesmo, portanto não tem como ter ordem. Na vida da gente não existe tal palavra e quando a pretendemos, é porque o caos é tão maior que precisamos de um alívio. Pode ser que o amor exista (eu acredito em algumas filiações dele, como no meu amor por certos amigos e por certos gestos) e pode ser que seja melhor acreditar nisso. E daí ir vivendo essa vida projetada artificialmente num reflexo de nós mesmos, tomando as atitudes que nos leve a ser leveza, se assim for pra ser. Fique com a segunda opção, seja lá qual for a cor da pílula, mas nunca ouça o que eu ou qualquer um te disser, faça o que quiser (digo pra mim mesmo, todo dia). Eu sempre penso que estou dirigindo um filme da minha vida, esse excesso de metalinguagem. E se o controle artificial for possível, que as mudanças aconteçam, apesar de ser duro (I should know). E que Woody Allen esteja equivocado (nunca errado). E que exista redenção (dando razão ao Clint). Então, prometo acreditar em muita coisa, inclusive no amor.

3 comentários:

  1. Eu me faço essas perguntas TODOS OS DIAS!!!
    Quam sabe alguém no mundo tem as respostas,
    ou simplesmente elas não existam!!!
    Vc falou tudo!!!

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  2. eu prefiro não comentar. e refletir.

    ;_;

    pq as pessoas tendem a exterminar as minhas esperanças em relação a tudo de bom que eu quero ter um dia? ;_;

    me diz?
    pq?

    rs

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